Partindo da premissa que uma das maiores lições da quarentena diz que você não precisa de quem não precisa mais de você, passemos rapidamente à faxina. Água, sabão, vassoura, pá de lixo, pano de chão e álcool gel (generosamente) em mãos, iniciamos a semana trazendo O Ceifador, Arcano XIII, como o grande protagonista. Visto como um bandido e temido por muita gente, esse arquétipo é bastante necessário e positivo, se você tiver um pouco de calma para ouvir o que ele diz e aprender suas lições.
Isto posto, vamos tentar acatar algumas medidas para facilitar a aceitação da realidade, tal como ela é (ou está). Contenções de gastos, por exemplo, começando por cortar coisas que vamos desperdiçando aos poucos, e sem sentir. Observe como tem tralha embutida e pendurada no seu orçamento. Talvez tenha chegado a hora de separar um tempo para fuxicar item por item gasto em seu cartão de crédito ou na lista de compras de mercado. Aposto que alguns dos meus parcos miolos como você vai encontrar um monte de porcaria sem qualquer utilidade. Porém, e como resultado, você poderá se surpreender (positivamente) como a falta de consumo não mata ninguém, e que adiamentos dos verbos “querer”, “ter” e “comprar”, mesmo impostos pela vida, não trarão quaisquer consequências em seu cotidiano.
Chamo esse fenômeno de ressignificação de valores, bastante em alta nesta nova fase, que, não raro, nos deixará como legado novas maneiras de querer, consumir, fazer acordos e, principalmente, nos trará uma outra visão sobre o que realmente significa dizer “entendimento entre as partes” e “pensar nos outros”. Hora, pois, do toma-lá-dá-cá entre os poderes, das tesouras, dos cortes e sacrifícios que, agora, vão ter que partir das figuras mais graúdas. Aqueles que detêm o poder ou que têm a caneta nas mãos não terão outra alternativa senão abrir os cofres e oferecer recursos a uma sociedade portadora de necessidades prementes. Isso vale tanto para o mundão (lá fora), comtambém para o nosso mundinho (aqui dentro). Muitas vezes, o que não se faz quando pode, se faz quando tem que ser feito. Acho que agora é esse o caso.